Álbum de fotos com legendas Neste trabalho, o professor:
• Mostra a importância do destinatário na construção do texto.
• Permite às crianças a discussão de critérios de seleção.
Um aspecto que deve ser abordado nas primeiras atividades com a linguagem escrita é o destinatário. É preciso que as crianças tenham a chance de se questionar para quem escrevem e o que é preciso garantir no texto para que o leitor compreenda as informações registradas. Ao mesmo tempo, elas se comprometem com a tarefa porque preveem um propósito de leitura claro e ganham possibilidades de discutir critérios de seleção dos textos.
Com sua turma de 5 anos, a professora Sandra Santos da Silva Jacques, do Colégio Miró, em Salvador, optou por legendar um álbum de fotos dirigido à família da garotada. Para isso, solicitou fotografias tiradas nas férias, em um passeio, viagem ou brincadeira. Com as imagens em mãos, cada um relatou o que fazia no momento da foto, onde estava, quem o acompanhava (leia o projeto didático).
Depois a turma iniciou a seleção das fotografias que entrariam no álbum e a escrita de legendas. “Textos curtos e em que apareça o nome do colega favorecem a realização da atividade. As crianças se apropriam da estrutura das legendas e percebem, por exemplo, que não são extensas e não começam com ‘era uma vez’”, relata Sandra.
Ela também considera que o trabalho em duplas colabora com a construção dos textos e permite que, juntos, os pequenos levantem ideias do que escrever de acordo com o que veem nas imagens. Além disso, sabendo que o álbum se destina aos pais e parentes, as crianças são motivadas a explicar as informações de forma que possam ser compreendidas de maneira clara por qualquer leitor.
Quando um aluno escreveu a legenda de sua própria foto, a posição do enunciador se mostrou um problema. A professora explicou a ele que o texto não poderia ser “Eu na fazenda” porque seria lido em outro lugar por pessoas que não o conheciam. “Escreva Marcelo no lugar do ‘eu’, assim você informa qual é o seu nome.” Outra questão recorrente nas discussões foi a temporalidade. Alguns alunos escreviam nas legendas indicadores como “no mês passado” ou “no fim de semana”. A docente levou a turma a refletir sobre isso.
Lista de personagens conhecidos pela turma Neste trabalho, o professor:
• Propõe a reflexão sobre o sistema de escrita.
• Desenvolve na turma comportamento leitor e escritor.
A professora Adriana de Oliveira Rocha, do Colégio Sidarta, em Cotia, na Grande São Paulo, lançou mão das listagens com crianças de 5 a 6 anos no ano passado. A seleção para a escrita por parte dos alunos incluía elementos como ingredientes de receitas, brinquedos que os pequenos levavam de casa e nomes de fantasias. Uma das listas foi a que compôs uma galeria de personagens conhecidos como Cinderela e Chapeuzinho Vermelho (leia a sequência didática).
A atividade começou com uma conversa sobre quais histórias faziam parte do repertório da turma e quais eram mais apreciadas. Com base nessa checagem inicial, Adriana montou uma lista de personagens a serem nomeados por escrito pelos pequenos. Então, a cada etapa do trabalho, ela distribuía uma ficha de atividade individual, com uma gravura ou ilustração de um dos personagens previamente listados. Depois de identificarem coletivamente quem era ele e de qual história fazia parte, escreviam seu nome com letras móveis.
Como a reflexão sobre o sistema de escrita é permanente e requer que a produção seja avaliada e revista pelas crianças, as letras móveis funcionam como boas aliadas. “Elas permitem mudar o que foi escrito”, diz Denise Tonello. Para evitar que as crianças se percam em problemas como “cadê o L?”, ela sugere não misturar uma quantidade grande de letras e, se possível, guardá-las em caixas com divisões, na ordem do abecedário. Após as intervenções da professora e da troca de experiências dentro de grupos de trabalho, os alunos redigiam os nomes individualmente e com lápis e papel.
Com a ajuda de peças móveis ou no papel, é indispensável confirmar o que foi produzido. Ao ler o que escreveram, os alunos realizam o ajuste entre o que se fala e o que se escreve e, desse modo, tornam as falhas mais aparentes. Tal habilidade é tão importante que figura nas expectativas de aprendizagem do Guia de Planejamento e Orientações Didáticas do programa Ler e Escrever, das secretarias estadual e municipal de Educação de São Paulo. Entre as demais expectativas estão compreender o funcionamento alfabético do sistema de escrita, escrever textos que conhece de memória, reescrever histórias conhecidas e produzir textos de autoria, como bilhetes, cartas e instrucionais.
Segundo Adriana, o projeto dessa galeria ajudou a desenvolver comportamentos leitores e escritores ao longo do ano, como explorar livros da biblioteca de sala, identificar a história com base no seu título e escrever a lista dos personagens. A cada proposta, surgiam novos desafios, que, de acordo com Denise, colaboraram muito na evolução da escrita das crianças.
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/ponta-lapis-431543.shtml?page=3
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