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terça-feira, 20 de abril de 2010

Como elaborar atividades de escrita pelo aluno na alfabetização
Desde as primeiras aulas, escrever leva a turma a refletir a respeito do sistema alfabético, além de formular, testar e avançar nas próprias hipóteses.


No dia a dia da sala de aula, a escrita aparece em listas de presença, calendários, livros, revistas, cartazes... Fora da escola, não é diferente: está em cada carta, e-mail, placa, receita e bilhete. Nessas entrelinhas, o alfabetizador tem um aliado: a escrita pelo aluno - uma das quatro situações didáticas básicas da alfabetização, segundo pesquisas na área - como um instrumento com razão de existir, e não apenas como sílabas, palavras e frases soltas, que não fazem sentido para as crianças.

No livro Aprender a Ler e a Escrever, Ana Teberosky e Teresa Colomer falam sobre a importância com esse cuidado: “Apesar de a criança aprender graças à interação com diferentes materiais gráficos, para ‘apropriar-se da linguagem escrita" é necessário que ela participe de situações em que a escrita adquira significação.”

Assim, contempla-se o preceito colocado pela psicolinguista argentina Emilia Ferreiro de que qualquer escrita é um conjunto de marcas gráficas intencionais, mas são as práticas culturais de interpretação que as transformam em objetos simbólicos e linguísticos.


Parlendas e cantigas

Neste trabalho, o professor:
• Foca a atenção do aluno apenas para o ato de escrever, sem a preocupação de criar o texto.
• Oferece espaço de troca de opiniões entre as crianças.

Em 2008, a professora Cecilia Pinheiro, da EM Robert Kennedy, em Petrópolis, a 65 quilômetros do Rio de Janeiro, investiu em parlendas e cantigas para alavancar o processo de alfabetização. Ciente da importância de propor à turma de 1º ano a escrita de textos conhecidos, Cecilia decidiu fazer disso uma atividade permanente. “Assim, as crianças tiveram mais oportunidades de se voltar apenas para o próprio ato de escrever, sem prender o pensamento à criação”, conta a professora (leia o projeto didático).

Um desses momentos foi a produção escrita de Atirei o Pau no Gato. Antes de começar, a classe foi ao pátio da escola para cantar e brincar com a letra da cantiga. Já em sala, a professora propôs a produção de um cartaz que ficasse no corredor da escola para que outras turmas também apreciassem os versos da canção. Depois, separou o grupo em duplas para que um complementasse as ideias do outro. “É comum que, entre os silábicos com valor sonoro, existam os que queiram colocar apenas vogais e outros que optem por usar somente consoantes. No começo, ambos ficam relutantes e não querem abrir mão de suas opiniões. Mas, juntos, percebem que faltam elementos nos dois casos e passam a negociar”, diz Cecilia.

A escrita começou com lápis e papel, mas, ao ver que uma dupla se deparou com o dilema de escrever “dona” como “oa” ou “dn”, a professora ofereceu letras móveis para permitir a reflexão da dupla e fez uma intervenção:

- O “d” sozinho não consegue formar o “do”. Que letra está faltando?

- A letra “o”, responderam.

- E como se escreve o “na”? Com o “n” sozinho? Não falta alguma coisa aqui?

- Falta o “a”, berraram os dois.

Cecilia também conta que a cobrança da ortografia não foi uma preocupação nessa atividade. Isso só ganhou destaque ao longo do ano, conforme as crianças avançavam na alfabetização.

De acordo com Denise Maria Milan Tonello, pedagoga e orientadora do Colégio Miguel de Cervantes, em São Paulo, “não adianta mesmo falar em ‘s’ ou ‘ç’ para crianças que ainda não estão plenamente alfabetizadas. As dúvidas aparecerão naturalmente e renderão boas chances de pesquisa. Por exemplo, ao surgir a questão de o ‘qu’ nao escrever a palavra ‘queijo’, os alunos podem fazer um levantamento de outras em que o ‘q apareça e perceber que ele está sempre acompanhado do ‘u’”.

Ainda em relacão às dúvidas ortográficas, o Guia de Planejamento e Orientações Didáticas do Programa Ler e Escrever sugere não só o uso do dicionário como também consultas a uma lista de palavras organizadas coletivamente. A cada nova dúvida solucionada, a turma pode escrever as grafias corretas e, depois, voltar a elas quando necessário.

FONTE: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/ponta-lapis-431543.shtml?page=1

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